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Rei da Angola cumpre profecias ao visitar quilombo em SP e fortalece laços culturais

No último sábado (28), duas profecias foram cumpridas no Brasil. Elas anunciavam a vinda de uma majestade angolana, após os tempos da escravidão, para visitar seu povo em diáspora. O rei da Angola, Tchongolola Tchongonga Ekuikui 6º, o 37º de sua linhagem, realizou essa profecia em sua primeira visita ao Brasil, afirmando que tudo estava de acordo com os ensinamentos de seus ancestrais.

A expectativa pelo evento era palpável no quilombo Cafundó, localizado a cerca de 12 km de Salto de Pirapora, onde 135 quilombolas residem. Às 12h01, horário de Brasília, e 16h01 em Luanda, o céu estava nublado e a temperatura era de 30 °C.

Rei da Angola visita o Quilombo Cafundó no Brasil

Uma pequena multidão de 21 pessoas, incluindo brasileiros e angolanos, aguardava o rei no topo de uma estrada de terra em formato de “S”, a única ligação com a comunidade quilombola. Cintia Delgado, líder local, tocava um chocalho, enquanto três homens com berimbaus entoavam hinos de capoeira para recepcionar o rei.

A chegada do rei estava programada para as 11h, mas um pneu furado atrasou a comitiva, que chegou por volta das 12h17. O silêncio tomou conta do local e até o vento parecia respeitar o momento. O rei Tchongolola Tchongonga Ekuikui 6º desembarcou de três carros pretos e foi recebido com honras por Regina Pereira, outra líder local.

A comunidade preparou uma guarda com espadas de São Jorge para saudar o rei da Angola no final da descida, e representantes de outros três quilombos e membros da etnia indígena guarani se uniram para receber o monarca. Esse momento foi profetizado por Vó Efigênia, antiga parteira do Cafundó.

Apesar de ser uma república, o rei dos ovimbundus, etnia predominante em Angola, desempenha um papel cultural e espiritual importante, especialmente na região do Bailundo, no planalto central angolano.

Durante sua visita, o rei reconheceu o esforço dos quilombolas na preservação da língua cupópia, da religião e do culto aos ancestrais. Essa tradição africana se adapta ao longo do tempo.

A paixão pelo futebol também uniu o rei e o quilombo, com o rei revelando ser torcedor do Corinthians. Essa preferência pelo time de São Paulo também era compartilhada por muitos na comunidade.

Apesar da importância simbólica da visita, nenhum representante do governo federal compareceu ao evento. Durante sua estadia no Brasil, o rei planeja visitar a Bahia, o Rio de Janeiro e Santa Catarina.

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Imagem: Jardiel Carvalho/Folhapress