Servidores de SP irão se passar como sem tetos para fiscalizar serviços prestados
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, mostrou um vídeo do padre Júlio Lancellotti durante encontro com prefeitos. O vídeo mostrava servidores de São Paulo recolhendo barracas de sem-teto sob o Minhocão. Essa sequência embasou uma decisão para criar uma política nacional sobre moradores de rua.
A ação do ministro proibiu estados e municípios de retirar pertences de quem vive nas ruas. Isso ampliou o confronto entre a gestão do prefeito Ricardo Nunes e o padre, coordenador da pastoral do Povo de Rua.
Ministro do STF mostra vídeo de confronto entre servidores e sem-teto e determina política nacional
A prefeitura, para reagir aos vídeos de Lancellotti, tem enviado funcionários para testar anonimamente os serviços aos sem-teto. Um desses relatórios confrontou uma denúncia do padre sobre a qualidade das refeições dadas a essa população pelos abrigos.
Com o aumento da população de rua, o prefeito Nunes considera o tema prioritário, buscando reeleição. E, após a denúncia, ele acusa o padre de ter motivação política, criticando sua administração por supostamente alinhar-se ao PSOL.
O padre nega a motivação política e afirma cobrar ações de vários prefeitos. Recentemente, após o incidente, ele denunciou novamente outro caso de remoção de pertences de moradores de rua, acusando a prefeitura de desrespeitar a decisão do STF.
A secretaria de Assistência Social criou um grupo para melhorar os serviços de acolhimento. A decisão do STF atendeu a pedidos da Rede Sustentabilidade, PSOL e Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, exigindo um programa nacional em 120 dias.
O prefeito Nunes, em evento internacional, defendeu políticas públicas de acolhimento em vez de incentivar a permanência nas ruas. O secretário de Assistência Social também mencionou a decisão do STF e destacou ação já em andamento.
As divergências entre o padre e a administração municipal também envolvem o conceito “housing first” (moradia primeiro), modelo no qual fornecer uma moradia digna a essa população é vista com prioridade. O padre, no entanto, alega que o programa não concede autonomia às famílias.
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