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Erro de IA quase acaba com carreira de médico de São Paulo; entenda o caso

Um médico com quase 40 anos de experiência profissional e sem qualquer registro de denúncias no Conselho Regional de Medicina de São Paulo (CREMESP) viu-se subitamente vinculado a mais de cem acusações de assédio sexual devido a um equívoco da IA (Inteligência Artificial) do Bing, o mecanismo de busca da Microsoft.

O advogado de defesa do médico, Guilherme Bagagli, destaca que, é comum que as pessoas pesquisem nome e referências de um profissional da saúde. Nesse contexto, é fácil imaginar o impacto que uma informação falsa dessa gravidade causaria no paciente e na carreira do médico.

Saiba mais sobre o caso a seguir!

Entenda o que aconteceu

A identificação desse equívoco ocorreu recentemente, quando o médico decidiu pesquisar seu nome no chatbot do Bing.

Essa ferramenta, desenvolvida pela Microsoft e fundamentada no ChatGPT da OpenAI, utiliza inteligência artificial para fornecer respostas automatizadas que simulam uma conversa humana.

O profissional trabalhava no CREMESP como responsável pela apuração de denúncias envolvendo outros médicos e, em entrevista, mencionou que havia mais de cem investigações relacionadas a casos de assédio sexual em São Paulo: 33 em 2011, 58 em 2012 e 14 em 2013.

No entanto, a IA do Bing interpretou incorretamente essas informações e cometeu o erro, associando os números de denúncias mencionados pelo médico na reportagem a ele próprio, em vez de compreender que se tratavam de casos apurados envolvendo outros profissionais.

E o desfecho?

Diante dessa situação, o profissional decidiu processar a empresa, resultando em uma ordem judicial para que o conteúdo fosse removido dos resultados de busca.

A decisão proferida pela 7ª Vara Cível de Bauru (SP) representa, possivelmente, o primeiro caso em que uma empresa é responsabilizada por equívocos causados por IAs.

O juiz Jayter Cortez reconheceu que as evidências apresentadas pelo médico sustentam “que alterando por completo a realidade fática, a ré [Microsoft] apresenta em sua plataforma de pesquisa a informação inverídica de que o autor seria investigado por crimes de assédio sexual.”

Segundo o advogado, o médico solicitou uma indenização de R$ 60 mil por danos morais, montante que será definido ao longo do processo após a obtenção de mais provas, depoimentos e análise jurídica por parte da Microsoft. A empresa possui o direito de recorrer da decisão.

Imagem: senivpetro/Freepik