Entenda o que foi o boicote à Bienal de SP na época da ditadura
Uma das edições mais lembradas da Bienal de Arte de São Paulo aconteceu 1969, em meio à ditadura militar e quando o regime havia decretado o Ato Institucional número 5, o AI-5, considerado o mais repressivo do período. Por causa do ato, muitos artistas resolveram não participar dessa 10ª edição.
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10ª edição ficou historicamente conhecida como a Bienal do Boicote
Durante o regime militar, pessoas foram presas e sequestradas, houve restrição à liberdade de imprensa e artistas brasileiros e estrangeiros foram perseguidos, o que fez com que muitos resolvessem não participar como forma de protestar, o que fez com a edição ficasse conhecida como a Bienal do Boicote.
Assim, nomes como Hélio Oiticica, Lygia Clark, Carlos Vergara, Roberto Burle Marx, Rubens Gerchman, Sérgio Camargo e tantos outros não foram à Bienal daquele ano. A estimativa é que 80% dos artistas convidados não compareceram. Além disso, delegações internacionais não enviaram artistas e obras para São Paulo.
Um dos casos mais notáveis da perseguição da época foi a exigência feita pela polícia pela retirada da obra “O Presente”, de Cybele Varela, antes mesmo da abertura do evento. Para o regime, a produção, que mostrava um militar sobre o mapa do Brasil, era considerada “ofensiva”, o que justificaria o confisco.
“A arte brasileira vinha sendo censurada e arbitrariamente retirada de exposições há cerca de dois anos. Os atos de censura e violência praticados precipitaram o movimento de boicote à 10ª Bienal de São Paulo, uma reação dos artistas e críticos contra a censura”, é o que explica a pesquisadora e doutora em Artes Visuais pela Unicamp, Verena Pereira.
Vale pontuar que a falta de artistas brasileiros e estrangeiros acabou levando a Bienal a sofrer problemas de montagem, o que fez com que ficasse com diversos espaços vazios. Com isso, Verena Pereira afirma que essa polêmica edição resultou em uma reflexão sobre o próprio modelo do evento.
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Imagem: Reprodução/Ariane Varela Braga
