Estudo revela aumento de quase 100% de risco cardíaco por estresse e insatisfação no trabalho
Um estudo recente, publicado no dia 14 de agosto no Journal of the American Heart Association, revelou que o estresse relacionado ao trabalho e a insatisfação profissional podem aumentar o risco de fibrilação atrial, uma arritmia cardíaca caracterizada por um ritmo irregular e acelerado do coração. Esta condição afeta entre 2% e 4% da população global e pode causar sintomas como palpitações, fraqueza, falta de ar e dor no peito, além de estar associada a complicações graves como acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca.
Embora estudos anteriores já tenham associado a alta tensão no trabalho e o desequilíbrio entre esforço e recompensa a um aumento no risco de doença cardíaca coronária, a nova pesquisa é pioneira ao investigar especificamente como esses dois fatores estressores combinados influenciam o risco de fibrilação atrial.
Pesquisador fala sobre importância da pesquisa
Xavier Trudel, epidemiologista ocupacional e cardiovascular e professor associado na Universidade Laval, em Quebec, no Canadá, destacou a importância dos resultados. Ele ressaltou que os estressores relacionados ao trabalho devem ser considerados nas estratégias de prevenção e que a identificação e gestão desses fatores são essenciais para promover ambientes de trabalho mais saudáveis, beneficiando tanto os indivíduos quanto as organizações.
Para conduzir o estudo, os pesquisadores avaliaram o impacto do estresse no trabalho, definido como um ambiente com altas demandas e prazos apertados, associado a pouca autonomia nas decisões e na execução das tarefas. Além disso, examinaram o desequilíbrio entre esforço e recompensa, que ocorre quando os funcionários se dedicam intensamente ao trabalho, mas não recebem uma compensação adequada em termos de salário, reconhecimento ou segurança no cargo.
Como o estudo foi realizado?
O estudo analisou dados de quase 6 mil adultos em empregos assalariados no Canadá, coletados ao longo de 18 anos. Os resultados mostraram que trabalhadores expostos a altos níveis de estresse no trabalho apresentaram um risco 83% maior de desenvolver fibrilação atrial em comparação com aqueles sem estresse. Aqueles que percebiam um desequilíbrio entre esforço e recompensa tiveram um risco 44% maior de desenvolver a condição. Quando os trabalhadores enfrentaram ambos os fatores estressores, o risco de fibrilação atrial aumentou em 97%.
Trudel sugeriu que futuras pesquisas devem explorar a eficácia das intervenções no ambiente de trabalho para reduzir estressores psicossociais e, consequentemente, o risco de fibrilação atrial. Mudanças organizacionais recomendadas incluem a desaceleração na implementação de grandes projetos para evitar sobrecarga, a introdução de horários de trabalho flexíveis e a realização de reuniões entre gerentes e funcionários para discutir desafios diários.