Correios suspendem entregas em 62% dos CEPs de São Vicente (SP); saiba o motivo
A violência urbana tem interferido não apenas na segurança da população, como também nas atividades dos Correios.
Segundo um levantamento realizado pela Folha, São Vicente lidera a lista nacional de CEPs (Códigos de Endereçamento Postal) “bloqueados” pelos Correios para a entrega de correspondências.
Assim, em São Vicente, 62% dos 1.286 CEPs existentes não têm entrega domiciliar devido à insegurança nas áreas, onde os carteiros não se arriscam a entrar, mesmo com escolta armada. Outras três cidades da Baixada Santista também apresentam índices elevados: Guarujá (35,5%), Praia Grande (33,9%) e Santos (26,3%).
Desafios na Baixada Santista: Segurança Pública em Risco e Correios inoperante
Esse cenário levanta preocupações quanto ao controle do crime organizado na região. Segundo o professor da PUC Minas, Luis Flavio Sapori, quando o poder público não consegue fazer entregas de correspondências com segurança, isso sugere que o poder criminoso, provavelmente ligado ao PCC, está ganhando terreno.
A situação piorou devido à redução do efetivo policial na região, de acordo com o prefeito de Mongaguá e presidente do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista, Márcio Melo Gomes. Ele argumenta que a falta de recursos humanos está prejudicando a capacidade de resposta das autoridades locais diante do crime organizado.
Nesse sentido, outro levantamento da Folha mostra que, de 2012 a 2022, a região de Santos perdeu 11% do seu efetivo policial, passando de 3.440 para 3.054 policiais. São Vicente, em particular, viu uma redução significativa, com 584 policiais militares a menos, representando uma queda de mais de um terço.
Além disso, de acordo com o promotor Silvio de Cillo Leite Loubeh, do Gaeco, pelo menos dez áreas críticas na Baixada Santista são conhecidas por confrontos frequentes e estão concentradas em São Vicente, Santos, Cubatão e Guarujá. Ele enfatiza que sempre que a polícia se aventura nessas áreas, tiroteios ocorrem.
Outro fator que possibilita esse problema é a proliferação de ocupações irregulares em morros e mangues, devido à falta de fiscalização e até mesmo à conivência de agentes públicos. Dessa forma, as áreas se tornaram redutos para o crime organizado, tornando-se particularmente perigosas para a polícia e para os agentes dos Correios.
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Imagem: Divulgação/Correios