Especialista alerta sobre aumento no número de recuperações judiciais
O advogado Eduardo Munhoz, um especialista em recuperação judicial, afirma que, uma vez que ciclos de crescimento e crise econômica estão mais curtos, as ondas de pedidos “estão menos espaçadas”. Ele explica que o aumento de casos se dá por causa do elevado custo do crédito e de receitas estagnadas.
Saiba o que mais o advogado afirma sobre o crescimento do número de recuperações judiciais no Brasil.
Munhoz fala sobre a quantidade de pedidos de recuperação
O professor Eduardo Munhoz atribui a causa do aumento de pedidos de recuperação ao elevado custo do crédito e às receitas estagnadas. “A percepção é que há muitas empresas médias e grandes que precisam ajustar a sua estrutura de capital. Algumas precisam com mais profundidade”, afirma.
Segundo Munhoz, há falta de eficiência nos instrumentos de recuperação e também uma dificuldade para encontrar soluções estruturais para os problemas financeiros. “A tendência no Brasil é ir jogando o problema para frente. A empresa sabe que vai precisar de uma nova rodada lá na frente”, explica.
Nos últimos anos, diversas empresas fizeram o pedido de recuperação, como Odebrecht, PDS, OAS, EAS, Grupo X, Oi e tantas outras. Como o advogado participou ativamente desses processos, ele apresenta algumas críticas ao instrumento, que corre o risco de sofrer com a perda de credibilidade.
O professor explica que a solução para o problema pode ser um aprimoramento da lei. “Faz pouco tempo, teve uma mudança na lei de falência e de recuperação. Houve avanço, mas acho que ficou aquém do desejado. Mas o problema não é só a lei. São as instituições encarregadas de aplicar a lei”, aponta.
Segundo ele, “o poder de tomada de decisão é dos agentes econômicos. A instituição está ali para coordenar, dar transparência, assegurar que a lei seja cumprida. Se o instituto não é usado dessa forma, ele pode entrar em uma crise de credibilidade. Aí começa a ter uma aversão do mercado ao instrumento.”
Imagem: Reprodução/Exame