O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano trouxe destaque para uma atividade muitas vezes negligenciada em nossa sociedade: o trabalho de cuidado.
Realizado em grande parte por mulheres, frequentemente de forma não remunerada ou mal remunerada, esse trabalho abrange uma variedade de tarefas, como preparar refeições, realizar atividades domésticas, educar filhos e cuidar de indivíduos doentes. Saiba mais!
Após a repercussão nacional do tema, Laís Abramo, secretária nacional de Cuidados e Família do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, anunciou a intenção de estabelecer uma política nacional para o cuidado no próximo ano.
Em entrevista à Agência Brasil, Laís expressou a expectativa de que propostas para um marco normativo reconhecendo os direitos dos cuidadores sejam apresentadas pelo governo federal em maio de 2024.
A secretária ressaltou a visão naturalizada de que o ato de cuidar é exclusivamente responsabilidade das mulheres, uma percepção que, segundo ela, contribui para a sobrecarga das famílias e reflete a organização tradicional das tarefas de gênero na sociedade.
O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome explicou que, no final de outubro, o governo iniciou uma consulta pública sobre o tema, visando estabelecer um marco conceitual para a proposta da política.
O processo inclui a definição de princípios, diretrizes e a coleta de opiniões da sociedade brasileira sobre o que constitui cuidado e quais são as principais demandas relacionadas ao tema.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) indicam que as mulheres dedicam em média 21,3 horas semanais a afazeres domésticos, enquanto os homens contribuem com apenas 11,7 horas.
A invisibilidade e a subvalorização do trabalho de cuidado são questões que agravam a desigualdade de renda e podem resultar em estresse, depressão e ansiedade devido à dupla jornada enfrentada por muitas mulheres.
Segundo a Oxfam, mulheres dedicam, em todo o mundo, pelo menos 380 bilhões de horas por mês a atividades de cuidado não remuneradas, totalizando 4,6 trilhões de horas anualmente. A organização destaca a importância dessas atividades diárias essenciais, ressaltando que, sem investimento de tempo, esforço e recursos, comunidades, locais de trabalho e economias inteiras ficariam estagnados.
Imagem: Reprodução/Pexels
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