"Trabalho análogo à escravidão": entenda o significado do termo

É comum que, ao comentar sobre trabalhadores resgatados em situações degradantes de humanidade, a expressão "trabalho análogo à escravidão" seja utilizada. Mas se essas pessoas estão trabalhando de maneira forçada e sem receber, por qual razão não chamar essa condição de "escravidão"?

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Na verdade, a tipificação desse tipo de crime como "trabalho análogo à escravidão" pode ser explicado com alguns argumentos, como o fato de que em 1888 a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que terminava com um longo período de escravidão no Brasil. Entenda mais sobre o uso da expressão.

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Por que usar "trabalho análogo à escravidão" no lugar de "escravidão"?

Primeiramente, um erro bem frequente é acreditar que todo trabalho sem o pagamento de um salário é considerado escravidão. Historicamente, sempre existiram e continuam presentes alguns tipos de emprego em que os trabalhadores não têm remuneração, mas, mesmo assim, não são considerados como escravos.

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Por exemplo, o trabalho voluntário ou doméstico não prevê o pagamento de nenhum salário e nem por isso é enquadrado como um tipo de escravidão. Por um outro lado, no período escravocrata no Brasil, alguns escravos até mesmo eram remunerados por sua força de trabalho exercida para seus senhores.

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Mesmo que com uma série de controvérsias, a Lei Áurea de 1888 proibiu que um ser humano determine que outro seja sua propriedade, e isso vale até os dias de hoje. Portanto, tecnicamente, como não há mais a escravidão legalizada pelo Estado, "trabalho análogo à escravidão" seria a expressão mais adequada.

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No caso recente das vinícolas no Rio Grande do Sul, as empresas envolvidas não poderiam vender ou repassar outros seres humanos como herança. E é por esse motivo e pelo embasamento das leis brasileiras que essas companhias serão investigadas e punidas pelos crimes cometidos.

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Mas vale ressaltar que a utilização de um termo ou outro não torna essas situações menos absurdas e lamentáveis. É um fato que esses trabalhadores foram submetidos a condições completamente inaceitáveis, atividades forçadas e exaustivas, sem uma remuneração e com ameaças e torturas.

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Imagem: Reprodução/Adobe Stock

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