A proposta de tarifa zero prometida para São Paulo aos domingos ou durante a noite pelo atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) não é uma novidade na cidade. Em 1991, durante a gestão da prefeita Luiza Erundina (PT), a região de Cidade Tiradentes, na Zona Leste, experimentou o transporte gratuito com cinco linhas de ônibus.
A municipalização do transporte público permitiu a criação dessas linhas, graças ao aumento do subsídio na antiga Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC), privatizada por Paulo Maluf em 1995.
As linhas gratuitas beneficiaram cerca de 200 mil moradores até a gestão de Celso Pitta (PP), que, em 1998, reduziu para uma linha e, em 2000, eliminou o transporte gratuito.
Erundina, em entrevista ao g1, explicou que a gratuidade em Cidade Tiradentes era um ensaio para implementar o sistema em toda a cidade. Na época, ela propôs a tarifa zero gradual, inicialmente aos domingos e à noite, com financiamento via IPTU progressivo.
Apesar de Marta Suplicy (2001-2005) e Fernando Haddad (2013-2017) não retomarem o projeto, Erundina, em 2016, voltou a defender a gratuidade ao concorrer à Prefeitura pelo PSOL. Ela enviou um projeto à Câmara propondo a tarifa zero com IPTU progressivo, mas a proposta foi arquivada.
Erundina, atualmente deputada federal, não se incomoda com a retomada da ideia por Ricardo Nunes, destacando que a proposta não é de sua autoria exclusiva. Ela ressalta a importância de uma nova fonte de receita para implementar a tarifa zero, citando a PEC 25 no Congresso, de sua autoria, que propõe a Contribuição pelo Uso do Sistema Viário (ConUsv).
O ex-secretário de Transportes, Lúcio Gregori, "pai da tarifa zero," considera a proposta de Nunes boa, mas insuficiente. Ele destaca a necessidade de uma nova fonte de receita, como a ConUsv, para sustentar a tarifa zero na cidade inteira. A proposta atual do prefeito, segundo Gregori, é mais uma tentativa de ganhar visibilidade do que o início de uma implementação efetiva da tarifa zero diária.
Erundina, aos 89 anos, busca aprovar a PEC 25 no Congresso para viabilizar a tarifa única nos municípios brasileiros. Ela enfatiza a necessidade de um sistema nacional integrado e unitário, sem sobrecarregar os trabalhadores com custos elevados de transporte subsidiado. A ex-prefeita espera ver a mobilidade assegurada para os trabalhadores antes de completar 90 anos.
Imagem: Reprodução/Facebook Ônibus SP
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