O panorama do mercado de trabalho formal no Brasil ao final do ano passado apresenta sinais preocupantes para 2024, conforme indicam os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, até novembro de 2023, analisados pela economista Janaína Feijó, pesquisadora da área de Economia Aplicada do FGV Ibre.
Embora os setores de comércio e serviços tenham impulsionado o emprego, os salários foram inferiores, e os postos foram caracterizados por baixa qualificação em comparação ao ano anterior.
Em novembro de 2023, o país gerou 130 mil empregos formais, representando um aumento de 1,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Os setores de serviços absorveram 92 mil trabalhadores, enquanto o comércio contratou 88 mil.
No entanto, a análise por escolaridade revela que apenas 1 mil trabalhadores com ensino superior foram absorvidos, enquanto o saldo para pessoas com ensino médio foi de 140 mil. Por outro lado, houve um saldo negativo de 15,6 mil vagas entre os trabalhadores com ensino fundamental incompleto.
Destaca-se uma queda significativa de 74,2% no saldo de postos entre os trabalhadores com ensino superior completo em novembro. Janaína destaca que, tradicionalmente, o final do ano é marcado por aumento na contratação de temporários para atender à demanda da Black Friday e do Natal, geralmente demandando trabalhadores de baixa escolaridade.
A economista explica que um contingente expressivo de pessoas com ensino superior completo deixou o mercado de trabalho, possivelmente relacionado às incertezas macroeconômicas que inibem investimentos e às características de empresas pequenas com baixo valor agregado.
A tendência para 2024 indica a continuação desse movimento nos próximos meses, com a possibilidade de salários de admissões ficarem abaixo dos de demissões, especialmente em setores como serviços, bares e restaurantes, que geralmente remuneram menos.
Há uma perspectiva de aumento na demanda por empregos de ensino médio, enquanto trabalhadores mais qualificados podem enfrentar uma redução nas oportunidades. A dinâmica salarial mostra que, ao longo dos últimos 12 meses, o mercado de trabalho formal contratou em média a um nível salarial inferior ao das demissões, evidenciando a dificuldade em absorver mão de obra qualificada.
Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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