Em 2024, São Paulo está prestes a atingir um marco histórico no setor imobiliário, com a previsão de entrega de 818 novos condomínios, quase o dobro do número registrado no ano anterior, que foi de 424.
Esses novos empreendimentos representarão aproximadamente 150 mil novos apartamentos na cidade, sendo 98% residenciais e 2% comerciais.
A maioria dos condomínios será de médio padrão, totalizando 295 projetos com um valor médio de R$ 15,2 mil por metro quadrado e um preço médio de R$ 710 mil por unidade. Bairros como Vila Mariana, Perdizes, Pinheiros, Vila Clementino e Moema estão entre os que mais receberão esses empreendimentos.
Por outro lado, apenas 94 condomínios estão voltados para o setor econômico, com unidades com preços mais acessíveis, localizados em bairros como Itaquera, Paraisópolis e Guaianases.
Esses dados são resultado de um levantamento realizado pela Data Lello, instituto de pesquisa da empresa Lello Condomínios, que identificou os locais onde os novos edifícios serão construídos.
A explicação para esse aumento expressivo, segundo Fabiano de Marco, cofundador da incorporadora Idealiza Cidades, está relacionada ao funcionamento cíclico do mercado imobiliário, que responde a mudanças lentas e opera em ciclos longos. Decisões tomadas no auge da pandemia, como a baixa taxa de juros e as alterações no Plano Diretor, refletem-se apenas agora, com a entrega de projetos planejados há quatro ou cinco anos.
Apesar do crescimento no setor imobiliário, é importante destacar que isso não se traduz necessariamente em uma redução do déficit habitacional. A urbanista Raquel Rolnik ressalta que muitas dessas unidades podem não ser destinadas à moradia e não contribuem para resolver o problema habitacional da cidade, que atualmente enfrenta um déficit de 400 mil moradias, de acordo com estimativas da prefeitura.
Além disso, a alta concentração de empreendimentos de alto padrão e a verticalização descontrolada podem acarretar em problemas como a valorização excessiva da terra, transformação dos bairros e congestionamentos, prejudicando a qualidade de vida dos habitantes.
Imagem: Alf Ribeiro/Pulsar Imagens
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