O início do ano de 2024 marcou um período desafiador no mercado de trabalho brasileiro, com o número de demissões por justa causa alcançando patamares nunca vistos. Em janeiro, o registro de desligamentos chegou a 39.511, o maior da série histórica iniciada em 2004, conforme apontam dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. Este fenômeno despertou a curiosidade e preocupação de especialistas e trabalhadores, que buscam compreender as razões por trás dessa alta significativa.
A análise dos números revela que, comparando janeiro de 2024 com o mesmo período do ano anterior, há um aumento de 25,6% nos desligamentos por justa causa. Posteriormente, em fevereiro, o volume de demissões manteve-se elevado, totalizando 35.667, indicando uma tendência que pode perdurar ao longo do ano. Esta situação põe em evidência os diversos aspectos que influenciam o dinamismo do mercado de trabalho atual, incluindo fatores comportamentais e sazonais, além de mudanças metodológicas nas avaliações e registros oficiais.
Uma das hipóteses levantadas pelos especialistas para explicar o aumento na ocorrência de demissões por justa causa é a volta ao trabalho presencial pós-pandemia. Esse retorno trouxe à tona comportamentos e práticas profissionais que, sob uma avaliação mais próxima, podem não ter se alinhado às expectativas e políticas das empresas.
Além disso, a prática do "quiet quitting", onde o empregado reduz seu engajamento e produtividade sem comunicar explicitamente a intenção de sair, ganhou destaque como um dos fatores contribuintes para esses desligamentos.
Outro ponto considerado é a influência sazonal, visto que janeiro é um mês de revisão de metas e reavaliação de contratos de trabalho, culminando frequentemente em ajustes nos quadros funcionais. Somado a isso, a abordagem mais abrangente adotada pelo Caged desde 2020 oferece um panorama mais detalhado e amplo dos desligamentos, aumentando a precisão dos registros.
O dinamismo do mercado de trabalho, caracterizado por maior movimentação de admissões e desligamentos, está intimamente ligado às demissões por justa causa. Quando o mercado se encontra aquecido, a tendência é que as taxas de rotatividade aumentem. Situações de conflito entre a expectativa de desligamento por parte do empregado e a recusa da empresa em desligá-lo amigavelmente podem culminar em demissões justificadas.
Apesar disso, especialistas ressaltam que, mesmo com os números absolutos em alta, as demissões por justa causa representam uma parcela pequena do total de desligamentos, indicando que o fenômeno, embora significativo, é relativamente limitado dentro do contexto geral do mercado de trabalho.
A alta registrada nos primeiros meses de 2024 pode ser vista como um indicativo de continuidade da tendência observada entre 2011 e 2014, e após a crise de 2015, onde momentos de aquecimento do mercado de trabalho conduziram a um aumento nas demissões justificadas. Trabalhadores com menor qualificação ou experiência, quando empregados, estão mais suscetíveis a comportamentos ou erros que podem levar a demissões por justa causa.
Ainda assim, a projeção é que, enquanto o mercado de trabalho se manter ativo, os números de demissões nessa modalidade permaneçam em patamares elevados, configurando um desafio tanto para empregadores quanto empregados no gerenciamento de relações de trabalho saudáveis e produtivas.
Diante desse cenário, é imprescindível que as empresas invistam em mecanismos de feedback e acompanhamento dos seus colaboradores, visando não apenas a manutenção de um ambiente de trabalho saudável mas também a prevenção de desligamentos que possam ser evitados através do diálogo e do entendimento mútuo. Ademais, para os profissionais, fica a necessidade de adaptação e comprometimento com as políticas e expectativas de seus locais de trabalho, garantindo uma trajetória profissional estável e de sucesso.
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