Tradicional churrascaria de São Paulo responde a processo na Justiça por trabalho escravo
A churrascaria Ponteio, uma instituição tradicional em São Paulo, está enfrentando um processo judicial alegando que 15 de seus funcionários foram submetidos a condições análogas à escravidão. No ano passado, agentes do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Polícia Federal encontraram esses trabalhadores em um alojamento próximo à unidade do restaurante no Jaguaré, zona oeste da cidade.
Esses funcionários, oriundos do Nordeste, foram contratados por uma empresa terceirizada que atendia a churrascaria. A Ponteio refuta as acusações, destacando que a investigação ainda está em andamento.
Fundada em janeiro de 1971, a churrascaria afirma manter um compromisso inabalável com as normas legais e destaca sua postura ética e transparente ao longo de mais de 50 anos de existência, sem histórico de problemas judiciais.
Condições de Trabalho na Churrascaria Ponteio: Desafios e Controvérsias
O relatório de fiscalização revelou condições precárias no alojamento, descrevendo um ambiente insalubre, com odor forte, falta de ventilação, água potável e itens básicos, como copos individuais. Os trabalhadores viviam em camas de concreto com colchões inadequados, em sanitários precários e com um chuveiro de água gelada.
Os funcionários pagavam R$ 100 por mês para residir no alojamento, além de valores entre R$ 400 e R$ 500 pelo agenciamento no mercado de trabalho e reembolso das passagens para São Paulo. Em depoimento, eles relataram humilhações, multas por pratos quebrados, ausência de repasse da taxa de serviço e restrições alimentares quando estavam de folga.
Durante a inspeção, um trabalhador mencionou sentir-se mal por não ter almoçado e só ter consumido água o dia inteiro, devido à sua folga. Outras churrascarias na região também estão sob investigação do MPT.
A proprietária e o gerente foram presos em flagrante durante a inspeção, sendo posteriormente liberados. A empresa assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), comprometendo-se a pagar R$ 150 mil como dano moral coletivo e indenizações individuais aos resgatados.
O Ministério Público Federal continua a investigar o caso, e a churrascaria nega que o TAC reconheça a situação como fato consumado, mantendo sua confiança na Justiça e afirmando que continua suas atividades normalmente.
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