Trabalho sedentário pode aumentar risco de insônia, diz estudo
A relação entre emprego e qualidade do sono é um tópico de crescente interesse nos estudos de saúde ocupacional. Trabalhos sedentários, comumente associados a pouca atividade física, estão sendo relacionados a um aumento nos casos de insônia. Um estudo publicado no Journal of Occupational Health Psychology revela que a natureza sedentária de muitos empregos modernos está impactando negativamente a saúde do sono dos trabalhadores.
Durante um período de 10 anos, mais de 1.000 trabalhadores participaram de uma pesquisa em que relataram seus padrões de sono. O estudo, liderado pela Dra. Claire Smith, da Universidade do Sul da Flórida, analisou a influência do design do trabalho nos hábitos de sono. A pesquisa identificou três categorias distintas de padrões de sono: bons dormidores, dormidores com insônia e dormidores de recuperação.
Elementos do trabalho que prejudicam o sono
Os fatores do ambiente de trabalho que mais afetam o sono incluem o uso intensivo de tecnologia, baixos níveis de atividade física e horários de trabalho irregulares, especialmente aqueles que exigem jornadas noturnas. Os dados mostraram que trabalhadores em turnos noturnos têm uma probabilidade significativamente maior de desenvolver padrões de sono irregulares, necessitando de cochilos para compensar a falta de descanso noturno adequado.
O estudo também destacou que trabalhadores de colarinho branco, aqueles com empregos predominantemente administrativos, estavam mais propensos a serem classificados como bons dormidores ou dormidores com insônia. Já os trabalhadores de colarinho azul, ocupados em atividades manuais, eram majoritariamente categorizados como dormidores de recuperação, indicando um sono mais perturbado e sobrecarregado por horários de trabalho variáveis.
É possível melhorar o sono sem mudar de trabalho?
Embora mudar de carreira possa não ser prático para muitos, pequenos ajustes no ambiente e rotina de trabalho podem ajudar a melhorar os padrões de sono. O conceito de “job crafting” sugere que ao adaptar pequenas partes do dia de trabalho, como fazer pausas regulares para caminhar, os trabalhadores podem melhorar sua prontidão para dormir. Além disso, limitar o uso de dispositivos eletrônicos antes de dormir também é recomendado.
Funcionários que trabalham em turnos noturnos enfrentam um risco maior de desenvolver condições de saúde sérias, incluindo doenças cardiovasculares e diabetes. O comprometimento dos ritmos circadianos, que regulam os ciclos de vigília e sono no corpo humano, está no centro desses riscos. O estudo revela que os dormidores com insônia, em particular, têm de 72% a 188% mais probabilidade de enfrentar esses problemas comparado aos seus pares que têm ciclos de sono mais regulares.
A Dra. Smith sugere que trabalhadores noturnos poderiam tentar ajustar seus ritmos biológicos com o uso de exposições controladas à luz. Estas intervenções, embora simples, podem potencialmente rearranjar os ritmos circadianos, promovendo um sono mais natural e reparador.