Psicólogos escolares denunciam irregularidades em programa do Governo de SP
A oportunidade de emprego surgiu de forma inesperada para Juliana através do WhatsApp. Embora desconhecesse a empresa, seu interesse foi despertado pela vaga de psicóloga escolar na rede estadual de São Paulo, levando-a a enviar seu currículo. A confirmação de sua aprovação chegou rapidamente, sem entrevista ou qualquer fase no processo seletivo.
Após três dias na Diretoria de Ensino, sem uma compreensão clara de suas responsabilidades, Juliana foi designada para atuar nas escolas. A experiência foi marcada pela falta de orientação, carga excessiva de trabalho, irregularidades e, finalmente, sua decisão de se demitir devido às adversidades.
Desafios e Irregularidades na Contratação de Psicólogos Escolares em São Paulo
Contratada pela Med Mais em agosto do ano anterior, a empresa venceu uma licitação de R$ 129,9 milhões do governo paulista para contratar 550 profissionais, entre psicólogos e supervisores.
Distribuídos por 91 Diretorias de Ensino, esses profissionais atendem cerca de 3,5 milhões de alunos em 5,3 mil escolas estaduais. No entanto, a sobrecarga de trabalho, combinada com a escassez de tempo para atender cada unidade de ensino, dificulta o cumprimento eficaz de suas funções.
Além disso, problemas contratuais, como a falta de pagamento de benefícios, comunicação unilateral via WhatsApp e reuniões fora do expediente, agravam a situação.
Os psicólogos, responsáveis não apenas pelos alunos, mas pela comunidade escolar em geral, enfrentam desafios éticos e de qualidade no projeto. Vários profissionais, temendo retaliações, compartilharam experiências semelhantes de exaustão profissional, descumprimento contratual e dificuldades na comunicação com a Med Mais e a Secretaria de Educação de São Paulo.
Apesar das críticas, tanto a empresa quanto a Seduc-SP afirmam ter um processo seletivo rigoroso. No entanto, relatos de falta de preparo, desorganização na distribuição de benefícios e problemas na comunicação indicam falhas no projeto.
Profissionais têm se demitido, e a situação, além de desafiar a ética profissional, levanta questionamentos sobre a implementação adequada do programa “Psicólogos da Educação” no estado.
Com a comunicação das dificuldades ao sindicato, a Med Mais se compromete a aprimorar a relação com os empregados, admitindo falhas e buscando soluções.
O Sindicato dos Psicólogos de São Paulo (SinPsi) acionou o Ministério Público do Trabalho (MPT) em dezembro, e as partes estão em negociação. O futuro do projeto permanece incerto, enquanto a necessidade de uma abordagem mais direcionada e ética se torna evidente.
Imagem: Reprodução/Freepik