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Pesquisa revela que 85% dos alunos no novo ensino médio não se sentem preparados para o Enem em São Paulo

O ensino médio no Brasil passou por uma significativa reforma com a implementação de um novo modelo curricular, proposto durante o governo Temer. Este modelo foi adotado com o objetivo de tornar o ensino médio mais flexível, permitindo aos alunos a oportunidade de escolherem itinerários formativos que mais se alinhassem com suas áreas de interesse e projetos de vida.

Entretanto, um recente estudo realizado pela Rede Escola Pública e Universidade (Repu) e pelo Grupo Escola Pública e Democracia (Gepud) revela uma realidade preocupante: 85% dos estudantes que concluíram o ensino médio sob este novo formato não se sentem preparados para enfrentar exames como o Enem e outros vestibulares.

Estudantes do ensino médio de São Paulo não se sentem preparados para o Enem

A pesquisa, que ouviu 696 estudantes de seis escolas estaduais de São Paulo entre os dias 23 de outubro e 4 de novembro de 2023, aponta para uma redução significativa nas horas destinadas às disciplinas regulares. Isso levou a uma falta de preparo dos alunos para exames que são cruciais para o acesso ao ensino superior. Além disso, mais da metade dos entrevistados relatou não ter cursado o itinerário de sua escolha, o que contraria uma das principais promessas da reforma.

Um dos achados mais alarmantes da pesquisa é a constatação de que, no último ano do ensino médio, os alunos tiveram suas aulas de disciplinas fundamentais como história, geografia, biologia, química e física drasticamente reduzidas. Isso ocorreu para dar espaço aos itinerários formativos, deixando os estudantes menos preparados para as avaliações que, tradicionalmente, priorizam esses conteúdos.

Esta mudança parece ter desmotivado muitos jovens, que agora veem reduzidas suas chances de entrar no ensino superior ou de conseguir um emprego melhor no futuro. Cerca de 79,3% dos entrevistados acredita que essa redução nas disciplinas comuns afetará negativamente suas vidas.

É preciso repensar o modelo do novo ensino médio?

A pesquisa ressalta que, embora a proposta do novo ensino médio visasse a uma educação mais alinhada ao projeto de vida dos estudantes, na prática, a implementação deixou a desejar. Itinerários formativos como “brigadeiro gourmet” e “como se tornar um milionário”, por exemplo, foram recebidos com ceticismo por 81,5% dos alunos, que não aprovaram essas novas disciplinas optativas.

Os resultados desse estudo surgem em um momento crítico, já que estão previstas discussões para a revisão do formato atual do ensino médio. Alterações propostas visam aumentar a carga horária destinada às disciplinas comuns. Isso indica uma possibilidade de reajuste que poderia atender aos anseios dos estudantes e professores que criticam o modelo atual.

A implementação do novo ensino médio trouxe à tona a necessidade de uma reflexão profunda sobre como as reformas educacionais são planejadas e aplicadas. A voz dos estudantes, claramente expressa nesta pesquisa, sugere que o caminho para uma educação de qualidade passa pela escuta ativa de seus protagonistas. A educação deve ser um processo inclusivo e democrático, capaz de preparar os jovens não apenas para exames e vestibulares, mas para a vida em sociedade.

As discussões sobre as futuras mudanças no ensino médio são, portanto, essenciais e devem ser orientadas por um compromisso genuíno com o desenvolvimento integral dos estudantes, considerando suas aspirações, interesses e, acima de tudo, seu bem-estar.