Calor em SP é mais intenso nos bairros pobres? Saiba mais
O intenso calor que atingiu a cidade de São Paulo, com previsão de retorno em dezembro, revela uma disparidade significativa nas temperaturas, sendo mais pronunciado nas zonas norte e leste, assim como no entorno do centro expandido. Por outro lado, as áreas a sudoeste do centro, que abrigam alguns dos distritos mais afluentes, experimentam temperaturas relativamente mais baixas.
As chamadas ilhas de calor urbanas, áreas desprovidas de vegetação onde o asfalto e estruturas de concreto absorvem a energia solar, elevando a temperatura ambiente, são contidas de forma mais eficaz nas regiões de maior renda. A diferença térmica entre a Vila Medeiros, bairro de renda inferior na zona norte, e a Vila Andrade, distrito de renda mais alta na zona sul, chega a quase 4 °C.
Desigualdade Térmica em São Paulo: Impactos do Calor nas Disparidades Socioambientais
Em locais de renda mais elevada, a temperatura média da superfície é 0,7 °C mais fria em comparação com a média da cidade, enquanto nas áreas menos afluentes, o solo é 2 °C mais quente.
A análise de dados da Folha, utilizando informações dos satélites Landsat 8 e Landsat 9 da Nasa, revela que os 10% mais ricos da cidade conseguem mitigar as ilhas de calor. Essa conclusão se baseia em cálculos sobre mapas de temperatura de superfície, mostrando que bairros com renda média de R$ 1 mil a R$ 2 mil apresentam temperaturas de solo de 2 °C a 3 °C acima da média da cidade.
A presença de áreas verdes em bairros mais ricos e menos adensados contribui para a redução das ilhas de calor, enquanto áreas mais pobres, caracterizadas por construções próximas umas das outras e falta de vegetação urbana, enfrentam temperaturas mais elevadas.
A expansão de parques públicos é apontada como uma estratégia crucial para proporcionar conforto térmico diante das mudanças climáticas.
A cidade de São Paulo conta com cerca de 110 parques, mas a revisão do Plano Diretor Estratégico em 2023 ampliou as áreas disponíveis para a criação de parques, destacando a importância contínua do investimento em espaços verdes como uma política de Estado.
O mapa de calor evidencia a correlação entre a presença de vegetação e a redução das temperaturas, destacando a necessidade de ações efetivas para enfrentar as ilhas de calor urbanas.
Imagem: Reprodução/Freepik