Amar o próprio trabalho pode prejudicar outros funcionários; entenda
Uma pesquisa publicada no Academy of Management Journal revelou uma perspectiva desafiadora em relação ao amor pelo próprio trabalho, contradizendo outras pesquisas que destacam os benefícios tanto para os funcionários quanto para os empregadores.
Os diversos benefícios associados ao que os pesquisadores denominam de “motivação intrínseca” incluem demonstração de maior comprometimento e persistência no trabalho; manifestação de maior criatividade e desempenho aprimorado; propensão a ir além das responsabilidades básicas do cargo.
Além disso, os gestores avaliam de maneira mais favorável aqueles que demonstram maior motivação intrínseca, enquanto os empreendedores que incorporam características alinhadas a essa motivação têm maiores chances de obter apoio financeiro ao apresentar suas propostas de negócios.
Não é bem assim
Para Mijeong Kwon e os coautores Julia Lee Cunningham (da Universidade de Michigan) e Jon M. Jachimowicz (da Universidade Harvard), a “moralização da motivação intrínseca” refere-se à tendência das pessoas que amam o próprio trabalho de perceberem sua mentalidade como moralmente correta.
No entanto, um aspecto problemático é que as pessoas que têm uma forte motivação intrínseca em relação ao trabalho tendem a julgar as pessoas com “motivações extrínsecas”, ou seja, aquelas que trabalham por razões como dinheiro ou status social, como moralmente erradas.
Os autores do estudo apontam que os funcionários que carecem de motivação intrínseca, independentemente do motivo, podem ser percebidos como menos éticos, o que pode resultar em menos apoio por parte de seus colegas e, consequentemente, dificultar seu avanço dentro da organização.
Quais foram as referências?
As conclusões apresentadas por Mijeong, Julia e Jachimowicz foram obtidas por meio de pesquisas realizadas com uma amostra de participantes que incluiu:
- 784 funcionários, pertencentes a 185 equipes, de uma renomada instituição financeira da América Latina;
- 1.733 adultos que participaram de duas pesquisas on-line e de um experimento adicional.
Eles usam o vegetarianismo como exemplo. Enquanto algumas pessoas podem optar por se tornarem vegetarianas por razões não necessariamente morais, como preferir a comida vegetariana ou acreditar que ela seja mais saudável, outras que moralizam o vegetarianismo o consideram moralmente correto e fazem julgamentos de valor em relação às preferências alimentares dos outros.
De acordo com Julia, as descobertas indicam que os gestores e os líderes de negócios devem exercer cautela ao enfatizar a importância de amar o próprio emprego. É essencial considerar como declarações de missão e anúncios de emprego com solicitações explícitas para “amar o trabalho” podem influenciar os funcionários.
Imagem: Reprodução/Freepik