Vale a pena resgatar o saque-aniversário do FGTS para investir?
Direcionar recursos do fundo para investimentos pode ser alternativa para fazer o dinheiro render mais.
Desde 2020, os trabalhadores brasileiros têm a opção de realizar uma retirada anual do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Chamado de “saque-aniversário”, o resgate pode ser feito no mês de nascimento.
O valor varia de 5% a 50% do total disponível em conta. Embora seja um facilitador para ter dinheiro em mãos, é preciso assegurar que a adesão valerá a pena.
O FGTS é um direito dos trabalhadores com carteira assinada. Criado pelo governo federal, o fundo funciona como uma reserva financeira na qual os empregadores depositam, mensalmente, o equivalente a 8% do salário do funcionário.
A conta é administrada pela Caixa Econômica e o acesso ao dinheiro é restrito a situações específicas, como demissão sem justa causa, término do contrato de trabalho, aquisição da casa própria, desastres naturais, doenças graves, entre outras.
Como uma modalidade criada recentemente, o saque-aniversário ainda causa dúvidas. A principal delas é saber se é válido reduzir a quantia disponível no fundo. Enquanto o dinheiro permanece guardado, ele obtém o rendimento de 3% ao ano. Diante disso, a resposta sobre valer a pena ou não fazer a retirada anual é “depende”.
A rentabilidade de investir Tesouro Direto, por exemplo, é superior à do FGTS. Entre os títulos públicos, há opções que rendem acima de 13% ano, conforme informações divulgadas pelo site oficial do programa da Secretaria do Tesouro Nacional. Entre os papéis que oferecem maior retorno financeiro estão os prefixados, o Tesouro Selic e o Tesouro IPCA+.
Motivos para realizar o saque-aniversário
De acordo com a Serasa Experian, há duas situações principais em que o trabalhador deve considerar fazer o saque-aniversário. A primeira delas é para quitar dívidas e evitar a inadimplência, que restringe o acesso ao crédito e reduz o poder de compra das famílias. Em alguns casos, a situação pode se tornar ainda mais grave e chegar ao patamar de superendividamento, capaz de comprometer a subsistência.
A segunda situação é investir, sobretudo, para criar uma reserva de emergência, que possa ser utilizada em casos que demandam urgência financeira.
Embora o FGTS tenha o propósito de amparar o trabalhador em algumas situações difíceis, o rendimento do fundo é considerado baixo. Por isso, direcionar o recurso para a criação da reserva é uma alternativa para assegurar maior tranquilidade.
A Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) orienta que a reserva de emergência tenha uma quantia equivalente a, pelo menos, seis meses das despesas mensais. Para isso, aconselha investir em produtos que garantam segurança, rentabilidade e liquidez diária.
Onde investir?
Os produtos de renda fixa são os mais indicados por especialistas quando o assunto é criar uma reserva de emergência. Além dos títulos públicos do Tesouro Direto, considerados os investimentos mais seguros disponíveis no mercado, uma vez que são emitidos pelo governo federal, há outras opções como os certificados de depósito bancário (CDBs), as letras de crédito imobiliário (LCIs) e do agronegócio (LCAs).
A escolha depende do valor disponível. De acordo com as informações da Caixa Econômica, os trabalhadores que têm até R$ 500 no saldo do FGTS podem sacar 50% do valor. Com R$ 250, é possível investir no Tesouro Direto, que oferece opções mais acessíveis, a partir de R$ 30.
Quem tem até R$ 1 mil em conta pode resgatar 40% e mais uma parcela adicional de R$ 50, totalizando o valor máximo de R$ 450. Dessa forma, os títulos públicos também continuam sendo a opção de investimento em renda fixa.
Os trabalhadores que têm um saldo entre R$ 1.001 até R$ 5 mil têm direito ao saque de 30% com uma parcela adicional de R$ 150. Dessa forma, o valor máximo chega a R$ 1.650. O recurso pode ser usado para a aquisição de CDB, LCI ou LCA que têm aportes iniciais entre R$ 500 e R$ 1 mil.
As alíquotas do saque-aniversário diminuem gradualmente, conforme o valor em conta aumenta. O menor percentual é de 5% para quem tem um saldo acima de R$ 20 mil. Neste caso, a parcela adicional é de R$ 2.900.
Em caso de dúvidas sobre como investir o dinheiro, a orientação é buscar o suporte de plataformas de investimento que disponibilizam equipes de profissionais capacitados para a elaboração de carteiras de investimentos alinhadas ao perfil e aos interesses do investidor.